Fome de palavra

As vezes tenho o dom
De tirar o viver da vida
Como ferida que não dói
Tristeza que não corrói
Barulho que não tem som.

É quando eu falo da coisa
E o espírito da coisa vai embora
Como se ao invés de lar
Fosse apenas casa
Como se fosse brasa
Mas sem calor
É como tirar o momento
De dentro do agora
Como falar de amor
Por mais de uma hora.

Como explicar a cor
De um pôr-do-sol
Falar o sabor
Da maçã, da hortelã ou do sal
Explicar a manhã
Descrever seu arrebol
Dizer de um peito que se aperta
Ou de um olho que chora
Saber a palavra certa
Sem saber a sua hora
É como faço
Agora
Enquanto a palavra me usa
Falando sobre
Falar sobre
O espírito da coisa
Mas sem o espírito da coisa
O que é que sobra?
O espírito das coisas
Não tem nome
É a gente que tem fome
Das palavras
Coisa que a gente devora
E não sacia

Quando a palavra demora
Vence o
Silêncio
Ou a
Poesia

 

Rangel Mohedano conversa com as palavras de tanto olhar pra elas. De vez em quando aterriza um Voema aqui, outro ali.

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